Fico abismado ao enxergar o quão hipócrita e insensível pode ser o ser humano. Hipócrita, segundo a raiz grega, de hupokrisis, é aquele que representa, que age como ator, ou seja, para este, sentimentos são criados, histórias inventadas com o intuito de entreter o público em geral.
Refiro-me à classe jornalística, sem entretanto atentar-me a qualquer veículo de comunicação específico.
Para muitos deles (não estou falando em uma regra incontestável ) o que importa é veicular a desejada notícia, não importando seu teor, de forma muitas vezes inteiramente parcial, deixando geralmente seus belos comentários com opiniões próprias que, em sua grande maioria, somente revelam que o mercado da tragédia e da dor humana é grande, e dá dinheiro.
Quem é mesmo o garoto João Hélio? Aquele que brutamente foi assassinado nas ruas do Rio de Janeiro. Ora! Impressionante como são escolhidos temas doloridos para a família da vítima, chocantes para a sociedade, com o maior intuito de gerar lucros para a emissora, para o jornal, etc. Durante o prazo de validade de mais ou menos 15 dias, é somente essa a notícia principal. TEM DE SER REDUZIDA A MAIORIDADE PENAL! E o que aconteceu com a família sofrida do garoto? Esquecido como tantos outros.
O prazo de validade dos deslizamentos de terra em Niterói já se esgotou. Mas há quanto tempo um jornalista não aparece por lá? Sim senhor! Esquecemos dos nossos irmãos que tanto sofreram; que perderam absolutamente tudo, inclusive entes queridos. O que aconteceu por lá? conseguiram se recuperar? Houve viabilidade para que fossem reconstruídas as casas que vieram a desmonorar com as fortes chuvas? O que se vê é que, assim como urubus em cima de carniça, os veiculadores de notícias saem correndo em cima de suas presas, mas quando a carne acaba, voam para outros cantos.
Sobem nos destroços, acompanham resgates, filmam pessoas em seus mais absolutos momentos de intimidade ao chorarem a morte de seus queridos, com qual intuito mesmo?
Agora estão migrando para as enchentes do Nordeste! Por apenas mais alguns poucos dias...
Me traz um grande sentimento de revolta ao ver o povo sofrendo, assolado pela precária condição da saúde pública, pela grande violência urbana e por tantos outros problema socias brasileiros, ao saber que muitas vezes isso é causado, ou pelo menos não é amenizado, por culpa dos senhores políticos que desviam rendas destinadas à sociedade e se acham imortais e inimputáveis em relação à justiça de Deus. Entretanto, causa-me vertigem ver e ouvir os Garcias, Leitões ou Jabores da vida, que são sim, cultos e bem-vestidos, mas se vendem ao mercado das críticas inanimadas, ou seja, criticam mas não se movem para mudar; para melhorar nada em ponto algum.
Dê-me por favor um microfone sem fio que fica preso ao terno. Me filmem! Quero criticar o governo, quero aparecer, quero mostrar que sou culto, que entendo de Economia, de Direito, de Medicina, de Política, mas....ai de mim fazer algo para mudar a própria sociedade, ou a cidade na qual vivo e da qual falo todos os dias. Eu quero falar o que penso, ganhar o meu salário, ir embora para casa e repousar em meus quentes lençóis, como se o que acontecesse lá fora só importasse quando me maqueio e falo hipocritamente em frente às câmeras.
Fácil demais falar...corrupção? Nepotismo? Os famosos poderiam utilizar-se de suas influências e condições patrimoniais para veicular algo do tipo: PROJETO DE LEI DE INICIATIVA POPULAR PARA IMPEDIR QUE CANDIDATOS MANIFESTAMENTE CORRUPTOS, OU SEJA, CRIMINOSOS, POSSAM SER ELEITOS EM VOTO DIREITO. Eu? Colocar em risco o meu nome? Jamais!
Prefiro continuar no mercado da hipocrisia gratuita!
Abraços,
Carlos Alberto R. Vasconcelos
Muito bom. Parabéns
ResponderExcluirpior que está acontecendo isso mesmo...tsc tsc...é muito triste...mas podemos mudar...agir ao inves de só falar..=) e sendo bastante criticos com o que essas pessoas jornalista tem a nos dizer...=)
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